Curitiba, 19 de outubro de 2.009.
20/10/2009
A evolução da espécie!
Meu pai
atleticano, em véspera de Atletiba, enfrentava fila para comprar ingresso, isto
horas antes do jogo. Pegava ônibus, ia cedo ao Belford Duarte. Invariavelmente
eu o acompanhava, nos meus dez a onze anos, sempre emocionado, agitado para ver
meus ídolos com a camisa de listras horizontais rubro-negras, calção branco e
chuteiras pretas. Mesmo sem poder ver o jogo direito, pois se misturavam
homens, mulheres, crianças, alguns verdes, outros amarelos, azuis e milhares
iguais a nós, atleticanos, que nos lances da geral de cimento achava tudo deslumbrante.
A aspereza do concreto, o fédito (aquilo que
exala ou tresanda cheiro forte e repugnante; fedorento) cheiro de urina, as abordagem dos
cambistas oficiais, os famosos e concorridos espetinhos de “gato” entregue “em
domicílio” vinham acompanhados do refrigerante quente e, no caso do pai, da
cerveja morna servida na própria embalagem. Era um domingo legal. Divertido
para o nível de exigência de uma criança de pouca idade, achava que aquilo tudo
fazia parte do jogo, da festa, fazia parte do futebol.
Da Baixada lembro-me de jogos menores, contra o Irati,
contra o Londrina ou Pinheiros, mas Atletiba só no campo deles.
Hoje, passado alguns anos e graças ao MCP nunca mais pisei
no mal cheiroso.
Meu pai também, infelizmente.
A família cresceu, deu frutos e bons frutos - um casal de
filhos atleticanos e que juntos da mãe, freqüentamos assiduamente o luxuoso e
requintado espaço zem da Arena da Baixada – o Joaquim Américo.
A espécie evoluiu.
A geração Y não sente esta antiga e famigerada atração pelo surrado
clássico com os verdes. A rivalidade virou briga de gangs, coisa de bandido e
de marginais. Arrastão, quebradeira de ônibus coletivos, insanidade,
selvageria.
Com a arquitetura moderna e em processo de se transformar na
perola da Copa 2014, a ex-Kyocera Arena e futura “Emirates Arena” simboliza
outros tempos. Clássico agora é contra Cruzeiro, São Paulo, Internacional ou
Boca Juniors. Sorvetes educadamente são oferecido com a expressão “ ice cream please”, as opções de lanches são dignas de uma praça de alimentação dos
melhores shopping da cidade, as telas de plasma nos corredores com jogos de
outras praças ao vivo são conforto e segurança para a nova geração atleticana.
Banheiros limpos, povo educado. Dá gosto ir a qualquer dia, a qualquer hora a
um jogo do meu time, seja qual for o adversário. Pena que meu pai não esteja
mais aqui.
A quem interessa
alimentar este engodo Atletiba. A imprensa esportiva “marron”. Sensacionalistas
que precisam de matérias sangrentas para vender espaços nos jornais e nas TVs.
Os despreparados dirigentes ou as quadrilhas das organizadas.
Proponho uma grande
sacada de marketing que o Atlético poderia fazer neste final de semana, senão
vejamos:
O time está distante
do adversário e tem amplas possibilidades de aumentar estes números pois tem
feito bons jogos fora de casa, longe da sua torcida.
Há grandes
possibilidades de na segunda-feira lermos manchetes de fatos lamentáveis,
inclusive com ameaças de punição ao nosso Clube por irresponsabilidade dos
outros. Multa de R$ 50 a R$ 100 mil e perda de mando de alguns jogos. (vide
interesse dos cariocas...).
Então, a Diretoria, com
este dinheiro, e ampla divulgação de algo inusitado -abre a Arena para os sócios, movimenta as lanchonetes, acomoda os
torcedores para assistirem pelo PPV que já está funcionando nas TVs dos
corredores e ainda coloca nas store urna para coleta doações para o Washington
– ídolo atleticano que merece nossa ajuda.
Antes, dá entrada de
um boletim de ocorrência na Delegacia comunicando as autoridades policiais, aos
bombeiros, aos órgãos de imprensa em geral, que os torcedores sócios do rubro
negro não irão ao fétido Couto Pereira no domingo, estarão confortavelmente
instalados em seu Palácio.
Há, antes que eu
esqueça. Recomendação para terminar o nosso encontro 10 minutos antes do
encerramento do jogo, para nossa segurança.
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